A regra do ditongo aberto
A eliminação do acento do ditongo aberto tônico das paroxítonas foi uma das alterações que mais incomodaram os brasileiros, acostumados que estamos a pronunciar de modo claramente aberto as vogais “e” e “o” de palavras como “ideia”, “geleia”, “panaceia”, “asteroide”, “polaroide”, “heroico” etc. Como sabemos, porém, a pronúncia das palavras não sofre nenhuma mudança. A reforma é apenas ortográfica.
Assim:
Repare que perdem o acento os ditongos abertos que não estão na sílaba final da palavra. O ditongo aberto das oxítonas continua existindo. Por esse motivo, “herói” mantém o acento, mas “heroico” não. A maior parte das oxítonas terminadas em ditongo aberto são plurais. Veja: papéis, fiéis, cordéis, carretéis, anéis, lençóis, anzóis etc.
Assim:
Quem trabalha com corretores ortográficos eletrônicos deve ficar atento, pois esses sistemas não conseguem corrigir a grafia de algumas dessas oxítonas caso a pessoa se esqueça de pôr o acento. Por que isso acontece?
Isso ocorre porque coexistem na língua as formas “papéis” (substantivo) e “papeis” (forma do verbo “papar”), “fiéis” (substantivo/adjetivo) e “fieis” (forma do verbo “fiar”) etc. O mais seguro é realmente aprender a regra, coisa que o computador não consegue fazer a contento.
“PEGADINHA”
Agora que você já compreendeu a regra, diga sem hesitar qual é o certo: “destróier” ou “destroier”? Estamos diante de um caso de paroxítona terminada em “-r” cuja sílaba tônica é um ditongo aberto. Como sabemos, as paroxítonas terminadas em “-r” são acentuadas (revólver, mártir, cadáver, pulôver etc.) e as paroxítonas cuja sílaba tônica é um ditongo aberto perderam o acento. Temos aqui uma situação de sobreposição de duas regras. Nesse caso, vale a regra da paroxítona em “-r” – e a palavra mantém o acento.
Assim:
O mesmo vale para Méier, nome de um bairro do Rio de Janeiro.
Prezada Thaís, o ditongo aberto e outras coisinhas da língua pátria volta e meia aparecem como ciladas para mim. E olha que sou escritor.
É de se lamentar as correções feitas na ortografia da língua portuguesa, coisa de “gênio”.
Ao meu ver, dificultaram ainda mais em vez de facilitar.
Concordo, Marcelo, isso é bem típico do Brasil.
Um pouco atrasado para a inauguração, mas aqui estou! Sou fã da Thaís desde quando ela mantinha um programana TV Cultura. Atualmente, tenho o privilégio de tê-la como leitora primeira de muitos dos meus textos. Solícita, atenta e gentil sempre. Tenho certeza que este espaço será um sucesso! Beijos
Obrigada, querido Jairo, com quem discuto muitas ideias interessantes. Grande beijo!
Thaís
Excelente texto, principalmente pela parte da “pegadinha”, pois após decorar a regra o natural é a pessoa elimine o acento de cara, mesmo nas paroxítonas terminadas em R.
Muito benvinda neste momento polêmico de nossa língua em que aqui se pratica a reforma ortográfica e em Portugal se ignora quase geral.Algumas mudanças são de amargar,como o para verbo sem acento e ideia que só leio idêia,mas,vida que segue.
Sim, Alfredo, vamos falar mais sobre isso. Abraços
Que coisa mais dificil. É dificil para vocês que são brasileiros, imagine como é para os estrangeiros que estamos aprendendo portugues!