Adiada a implantação oficial do Acordo Ortográfico de 1990

Thaís Nicoleti

O governo federal adiou para 1º de janeiro de 2016 a implantação oficial do novo acordo ortográfico, antes prevista para janeiro de 2013. A decisão foi publicada nesta sexta-feira no “Diário Oficial da União”. 

Já se ouvem rumores sobre a possibilidade de alteração das novas normas, o que, entretanto, não parece estar nos planos do governo ou mesmo dos acadêmicos brasileiros e portugueses. O adiamento pode ser entendido mais como um gesto diplomático para fazer coincidir a implantação oficial em todos os países signatários do acordo.

É preciso observar que, em Portugal, o impacto da mudança é maior que no Brasil, uma vez que a ortografia do português europeu ainda mantém letras não pronunciadas (óptimo, objectivo, adoptar etc.), coisa que já abolimos por aqui em outra ocasião.

No Brasil, as alterações referentes à acentuação (voo, feiura, ideia, sequestro etc.) e ao uso do hífen (com algumas ressalvas importantes, de que vamos tratar nos próximos textos) já estão praticamente absorvidas – e a imprensa tem papel relevante nisso, uma vez que, desde 1º de janeiro de 2009, a nova grafia vem sendo usada diariamente nos meios de comunicação do país.

Embora a data oficial da implantação tenha sido adiada, não se pode dizer que as novas regras sejam “opcionais” até lá. O adiamento não torna a nova ortografia uma opção (como se cada um pudesse fazer o que bem entendesse durante três anos), mas apenas amplia o prazo dado às pessoas para aprender as regras e, sobretudo, para que se acostumem com a nova feição das palavras.

É difícil imaginar que alguém vá comemorar uma reforma ortográfica, qualquer que seja ela. Por complexo que seja um sistema ortográfico, a alteração sempre parece mais difícil porque implica voltar a aprender algo que, bem ou mal, já estava automatizado.

Havendo espaço para a rediscussão das alterações, será ótimo fazê-lo, mas com ponderação, observando que a reforma já trouxe simplificação em vários aspectos (por exemplo, no princípio de hifenização com os prefixos e na supressão de acentos).

É com esse espírito que, nos próximos textos, vamos tratar de alguns problemas que ainda podem receber mais atenção.

Comentários

  1. Eis um artigo que parece ter sido escrito apenas para cumprir expediente de trabalho, obrigação profissional. Curto e cavo.

  2. Importante a unificação ortográfica dos
    países que falam a língua portuguesa.
    No entanto existem mudanças que só
    cabem nas cabeças normatizadas dos
    gramáticos. Por exemplo: separar por
    hífen “antiisraelita”, “micro-ondas”; acentuar apenas os
    oxítonos terminados em ditongos abertos
    como “herói” (observe que “heróico” não
    se acentua mais).
    Mudanças que dificultaram ao invés de simplificarem.
    William da Rosa Monteiro

  3. Bom dia, Thais

    Apesar do adiamento oficial, vc diz q as regras nao sao opcionais.
    Conf o acordo elas ja valem ha 4 anos mas nesse tempo podiamos usar, ou nao, essas novas regras.
    E agora como fica? Temos mais quatro anos para “optar” e depois usar de vez, ou nao?
    Pergunto isso, pq essa possibilidade durante esses ults anos era considerada ate em concursos oficiais, q ainda estavam aceitando o uso da forma anterior ao acordo.

    Obrigado.
    Otimo ano novo.

    1. Marco, o que ocorre é que, durante o novo prazo, concursos não poderão cobrar o uso da nova grafia, exatamente como antes, já que ela ainda não é “oficial”. O problema do termo “opcional”, a meu ver, é dar a entender que a pessoa pode fazer o que quiser, como quiser, uma palavra com trema, outra sem, coisas desse tipo. O bom-senso deve prevalecer, no meu entender. Com isso quero dizer que é melhor aprender durante esse prazo, pois ninguém vai aprender as regras novas no dia 31 de dezembro de 2015, certo? Abraços, THaís

  4. A professora Thaís e uma deusa: Tanto na beleza, quanto na cultura, quanto na inteligência e quanto na maneira de se comunicar com seus milhões de aluna por esse imenso Brasil. Enfim, um ser humano insubstituível.

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