Ele vem, eles vêm
Tratamos do passado do verbo “intervir” (eu intervim, tu intervieste, ele interveio, nós interviemos, vós interviestes, eles intervieram) e logo surgiu a questão dos acentos diferenciais das formas de terceira pessoa.
Muito bem. Esses acentos não sofreram alteração com o Acordo Ortográfico, portanto continuamos escrevendo “ele vem” (sem acento no singular) e “eles vêm” (com acento no plural). Vale observar que a pronúncia de ambos é idêntica. O acento gráfico marca uma distinção apenas na forma de escrever. Pode até parecer desnecessário fazer essa distinção, mas, em alguns casos, ela é muito útil e nos ajuda a identificar o sujeito de uma oração.
Os verbos derivados de vir, como “intervir” e “provir”, apresentam uma particularidade quanto à acentuação. No singular, temos “ele intervém” e “ele provém”; no plural, “eles intervêm” e “eles provêm”. Mais uma vez, a distinção é apenas gráfica (a pronúncia das formas do singular é idêntica à das formas do plural).
Você notou que agora existe acento tanto no singular como no plural – no singular, é agudo e, no plural, é circunflexo. Como têm mais de uma sílaba, essas palavras são oxítonas terminadas em “-em” e, por esse motivo, todas devem receber um acento (exatamente como “alguém”, “ninguém”, “porém”, “vintém” etc.).
Observe a diferença de pronúncia entre “alguém” (oxítona) e “outrem” (paroxítona). Uma tem acento, outra não. Veja o caso da forma verbal “provem”, do verbo “provar”. Trata-se de uma paroxítona, certo?
Observe estas frases e veja como é importante saber acentuar as palavras:
Eles provêm da Argélia. (provir)
O português provém do latim. (provir)
Esperamos que eles provem o que estão afirmando. (provar)
As oxítonas (somente elas) terminadas em “-em” sempre são acentuadas, certo?
Tenho uma dúvida.
No terceiro parágrafo: (a pronúncia das formas do singular é idêntica à das formas do plural). Eu não usaria crase, estou errado?
Obrigado!
Alberto
Ocorre crase, sim: idêntica a (a pronúncia). No lugar de “a pronúncia”, usamos o pronome demonstrativo “a”, então um “a” se funde ao outro. Imagine que a palavra fosse masculina (o som das formas do singular é idêntico ao das formas…). Certo? Abraços 🙂
Como os demais artigos da consultora Thaís Camargo, excelente texto.