Ministério ‘homenageia’ professor com português claudicante

Passou mais um Dia do Professor. Em meio às frases de reconhecimento da importância da categoria e às homenagens afetuosas, na celebração virtual das redes sociais, apareceu uma mensagem do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações que roubou a cena no Twitter.

A peça publicitária do governo, de tão claudicante, parece ter sido produto da negligência, do desleixo, de flagrante imperícia – ou de tudo um pouco. No mínimo, o redator escolhido para escrever em nome do ministério ainda não tem o domínio da escrita: comete erros primários, não distingue vírgula de ponto, tropeça na sintaxe, ainda não entendeu para que serve um pronome relativo e anda às turras com a crase, como se pode ver a seguir, na reprodução da mensagem, e abaixo na bandeira verde-amarela:

Hoje é o dia do profissional, que sem ele, nada seria possível, este profissional é o professor.

Todos que venceram e se tornaram ícones, referência, e mudaram a história da humanidade para sempre, um dia tiveram um professor que os encaminhou, que os ensinou e lhes abriu a mente para receber o conhecimento, e ir além.

À vocês, profissionais do ensino, que se dedicam de corpo e alma à missão de formar pessoas, de qualificar profissionais, toda a gratidão e os cumprimentos pelo seu dia, parabéns mestres, parabéns professores.

A ciência e a tecnologia, que são o alicerce de muitas nações desenvolvidas, dependem muito deste profissional e de sua dedicação em sala, não apenas para ensinar, mas, com o seu amor pela profissão, e por seus alunos, fazer com que tomem gosto por estas áreas, incentivando os à dar o primeiro passo a na direção do conhecimento .

O Mês de Outubro traz o dia do professor, e trará também a Semana Nacional de Ciência em Brasília, e o mês da Ciência e Tecnologia em todo o Brasil. de 21 a 27 de Outubro, participe da SNCT em Brasília, ou em sua cidade.

Não nos cabe, porém, condenar o escriba, que, por certo, fez o melhor que pôde. Condena-se, naturalmente, o desmazelo de quem o escolheu e deixou que se publicasse um texto tão constrangedor como homenagem aos professores. O mais triste é que a displicência e a bisonharia não nos deixam esquecer o desprezo terraplanista  que os novos donos do poder têm pela ciência, pela pesquisa e pela educação como um todo.

Se a mensagem tivesse sido escrita por um aluno num cartão endereçado a seu professor, seu conteúdo, por certo, valeria muito mais que a forma. Uma mensagem oficial do governo, porém, é avaliada em outro nível: seu emissor é um ente abstrato, seu conteúdo é político e sua forma não deveria estar saltando aos olhos por causa de incorreções gramaticais. Sendo uma mensagem aos professores, a situação é ainda mais irônica.